Familiares e amigos acompanham o caixão da servidora pública Angenelza Pereira da Fonseca Xavier na manhã de 21 de maio

Um rapaz que se cobra muito, é religioso, estudioso, sem vida social muito ativa e que começou a trabalhar há pouco tempo. Esse seria o perfil do residente de Nutrição Vinícius Pereira Leite, de 26 anos, segundo informações de parentes e do advogado da família, Lucas Pimentel Figueiredo.
Vinícius está preso no Presídio de Senador Canedo, a 18 quilômetros de Goiânia, desde o início da manhã de quinta-feira, 21/05/15, quando foi autuado em flagrante pelo assassinato da mãe, a funcionária pública Angenelza Pereira da Fonseca Xavier, de 46, a facadas, na tarde de quarta-feira 20/05/15, na casa deles, no Setor Condomínio Portugal, em Senador Canedo.
Mãe e filho foram encontrados abraçados no quintal da casa pelo pai, que tem uma oficina de bicicletas na cidade. Vagner Xavier, de 47, chegou em casa no fim da tarde e se deparou com o filho nu e sujo de sangue junto ao corpo da mãe. Em seguida chamou uma ambulância e a polícia. Vinícius teria começado a apresentar um comportamento estranho há um mês. Sobrinha de Angenelza, a comerciante Elaine Cristina, de 38, contou que Vinícius formou-se em Nutrição no início do ano e que nunca havia trabalhado. “Ele era muito estudioso. Começou a trabalhar há pouco tempo e se destacava muito. Ele se cobrava muito.”
Segundo ela, o rapaz estava sentindo uma pressão muito forte, estudando e trabalhando demais e teria sido essa exigência a causa da crise. Elaine Cristina disse que este foi o primeiro surto de Vinícius. “Ainda não acreditamos no que aconteceu. Ela era excelente mãe e, ele, um filho exemplar. Que tragédia nos abateu”, lamentou.
“Lúcifer”
Ao ser levado para a delegacia, Vinícius estava transtornado e disse se chamar Lúcifer. Ele não foi ouvido no flagrante. “Ele não falava coisa com coisa”, contou o delegado. Agentes da delegacia disseram que Vinícius parecia estar desmaiado. Não falava nada.
O jovem trabalhava como residente de Nutrição no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Goiás (UFG) havia cerca de dois meses, segundo a família. Ao serem observadas atitudes estranhas, o rapaz foi encaminhado primeiramente a um psicólogo e, depois, a um psiquiatra, ficando de licença médica por 15 dias, tempo em que tomou medicação.
“O remédio acabou no sábado”, contou o delegado Maurício Massanobu Kai, plantonista do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Senador Canedo, responsável pelo flagrante do rapaz.
Em nota, a Coordenação dos Programas de Residência Multiprofissional e em Área da Saúde (CPRMS) do HC/UFG e a Comissão de Residência Multiprofissional e em Área da Saúde (Coremu) da universidade informaram que Vinícius iniciou suas atividades em 2 de março deste ano, após ser aprovado em concurso público e, nos meados de abril, começou a apresentar queixas de cansaço e problemas pessoais, sendo então, encaminhado à Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários (Procom).
O delegado Maurício Kai acredita que a Justiça irá pedir exame de insanidade mental para atestar se o rapaz tem condição de responder pelo crime ou não.
Em entrevista à CBN Goiânia, o delegado disse acreditar que a morte de Angenelza se deu durante um surto psicótico do rapaz. A mãe teria tentado evitar que o filho saísse nu e acabou morta no quintal da casa com várias facadas.
O advogado Lucas Pimentel Figueiredo, que representa a família, disse que Vinícius não tinha histórico de agressão dentro da família até o dia do crime. “Ele era um rapaz muito religioso e estudioso ao ponto de não ter uma vida social tão ativa.”
Sepultamento
O corpo de Angenelza foi sepultado no fim da manhã de quinta-feira, 21/05/15, no Cemitério Jardim da Paz, em Aparecida de Goiânia. Parentes e amigos dela ainda não acreditavam no que havia acontecido.
O marido da servidora pública não saiu do lado do caixão durante todo o velório. Ele chorou o tempo todo. Além de Vinícius, o casal tem outro filho, que providenciava a documentação para o sepultamento da mãe.

– Da Redação: Com O POPULAR, edição de 22/05/2015.