Delegado diz que situação em que foi encontrado no Ceará condiz com depoimento

Iterley Martins de Souza, de 32 anos, foi ouvido durante a madrugada de 23 de setembro, pelas equipes da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), que o prenderam em Fortaleza, no Ceará, na segunda-feira (20 de setembro).
No longo depoimento, ele teria confirmado que ficou descapitalizado com a guerra que a quadrilha de tráfico liderada por ele trava com a do traficante Thiago César de Sousa, o Tiago Topete, pelo domínio do tráfico principalmente no Parque Anhanguera, em Goiânia, e Setor Garavelo, em Aparecida de Goiânia.
Para o delegado Alécio Moreira, titular da Denarc, o fato de estar descapitalizado condiz com o modo de vida que o traficante levava em Fortaleza. Ele morava em um bairro popular, em uma casa alugada simples, com a esposa Juliana e dois filhos, de 9 anos e de 1 ano e 8 meses.
Iterley foi atraído até um centro de reabilitação de deficientes físicos de Fortaleza sob o pretexto de que havia uma nova cadeira de rodas para Juliana, que é paraplégica desde 2007, quando o ônibus da torcida Força Jovem, do Goiás Esporte Clube, foi interceptado por três homens em um Palio azul. Iterley foi baleado de raspão nas costas e a esposa, atingida diretamente na coluna.
Iterley foi preso no mesmo ano, em Goiânia, com o traficante Marcelo Gomes de Oliviera, o Zói Verde. Os dois foram autuados pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Iterley foi solto sete meses depois, por excesso de prazo, já que ainda não havia sido denunciado pelo Ministério Público do Estado de Goiás. Ao ser solto, segundo contou à reportagem, fugiu para o Mato Grosso e de lá, para a Bahia. No interior baiano ele conheceu uma jovem com quem tem um filho, hoje com 3 anos. A jovem e o filho moram em Fortaleza também. Na capital cearense, Iterley morava há 2 anos.
“A Polícia Civil descobriu o paradeiro dele depois que prendeu uma pessoa em abril deste ano”, explicou o delegado Miguel da Mota, adjunto da Denarc. Ele não revelou quem era essa pessoa, mas disse que ela deu dicas de como a polícia poderia chegar ao traficante.
O delegado-geral da Polícia Civil João Carlos Gorski participou da apresentação de Iterley à imprensa no auditório da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) e explicou que o trabalho foi longo, exaustivo e que muitas vezes teve de “sofrer calado” por causa das cobranças sofridas pela instituição sobre a captura do foragido da Justiça.

Mandados de prisão
Com a prisão de Iterley foram cumpridos sete mandados de prisão, segundo o delegado-chefe da Superintendência de Polícia Judiciária (SPJ) da Polícia Civil, Odair José Soares. Um pela condenação de tráfico, a uma pena de 6 anos de reclusão, e outro pela condenação de 46 anos por homicídio qualificado. O restante dos mandados são de prisões preventivas pelos crimes de tráfico de drogas e homicídios praticados em Goiânia.
Além disso, Iterley Martins é investigado em quase uma dezena de inquéritos de homicídios na capital.
Odair José disse que Iterley não é o mais perigoso, mas o criminoso mais procurado de Goiás. “Nenhum bandido é inalcançável. A prisão do Iterley Martins é prova isso. Ele se dizia grande e está preso”.
Embora Iterley admita que o grupo comandado por ele esteja matando membros da quadrilha de Topete, ele teria dito aos policiais civis que a ordem para matar não teria partido dele.
Iterley foi escoltado por policiais civis do Grupo Tático 3 (GT3) fortemente armados da Denarc até a SSPAP, no Setor dos Aeroviários. Ele ficou o tempo todo de cabeça baixa, mas aceitou falar com a imprensa após a apresentação.
Ele negou envolvimento com novos crimes desde sua fuga e que acreditava na prescrição das penas.

– Da Redação: Motta Filho (DRT-GO / Reg. Profissional: 3001).
– Transcrito de O POPULAR (Edição: 24/09/2015).