Músico foi encontrado morto em um hotel do Guarujá. Renato Rocha gravou três discos da Legião até ser expulso

A vida é sempre surpreendente. Depois de minguar pelas ruas do Rio de Janeiro e São Paulo, Renato Rocha, o Billy, o Negrete, o baixista da fase de ouro da Legião Urbana, foi encontrado morto na manhã dia 22 de fevereiro, no litoral de São Paulo, bairro Enseada, no Guarujá. Ele tinha 52 anos. Era o compositor de “Geração Coca Cola” e “Eduardo e Mônica”. Tocava baixo de quatro cordas de forma competente, sendo o responsável pelas linhas viscerais e miméticas de “Ainda é Cedo” (em ré menor) e “Tempo Perdido” (em mi menor). Renato estava em um hotel caído e morto, ao lado de uma porta. Ele gravou três discos com a banda: “Legião Urbana”, “Dois” e “Que País É Este”.

A TV Record gravou um reportagem em 2012 com o músico, em que ele aparece abandonado nas ruas, com aparente vontade de voltar a tocar, mas supostamente com algum problema psiquiátrico.

Apesar de falar com naturalidade sobre sua vida e a Legião Urbana, existia a suspeita de que teria desenvolvido forte dependência química – com várias espécies, do álcool à cocaína.

Logo em seguida à sua morte, a irmã postou no Facebook: “Renato faleceu nesta manhã (22/02), de parada cardíaca, em São Paulo. Vai com os anjos, Renato. Força ao seu casal de filhos, sua netinha, ao seu pai e aos seus demais familiares”.

O pai de Renato é um advogado que atende em uma sala modesta em Brasília sob o batismo de S. M. Rocha e não entende como o filho acabou se degradando após o sucesso de hits como “Que país é esse?” e “Será”.

Morador de rua, Renato voltou a ser notícia quando a mídia – de forma ambivalente em fazer o bem e também sensacionalismo – atendeu ao pedido de um fã e foi realizar uma reportagem especial.

Na imprensa, durante os últimos dois anos, correram duas versões sobre sua vida íntima: uma que causa profundo mal-estar nos amigos e parentes. E outra que trata do livre arbítrio e das consequências do vício.

Os amigos – como Philippe Seabra, da Plebe Rude – relatam que tentaram de tudo para ajudar o ex-baixista. Mas ele teria se sucumbido ao desinteresse pela vida, após a expulsão da banda.

O irmão do músico, o médico Roberto Rocha, teria sido um dos que tentou entrar em contato com o músico em diversos momentos.

Renato assumiu as dificuldades com as drogas desde a década de 1990. Mas não revela a profundidade. Ele foi expulso da banda por isso. Apesar de Renato Russo ser muitas vezes mais drogadito do que o amigo, imperou a mão do dono da Legião. Acabou por expulsar o amigo que segurou a desorganização musical de Russo, iniciando, assim, a morte dele desde os idos de 1990.

Renato Rocha deixa dois filhos. E uma história de verdade sobre a vida.

– Fonte: DM