Peemedebista afirma que encerra sua carreira política após 58 anos

O ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende anunciou que está fora da disputa pelo Paço Municipal

O líder peemedebista deixa, assim,  a legenda em dificuldades na disputa, pois não existia um plano B dentro do partido. E em nenhum momento ele estimulou tal ocorrência dentro do partido.
Mais uma vez através de carta, Iris decide usar um discurso messiânico, em que faz uma viagem heróica pela sua vida e recorda seus feitos. No fim, usa a manjada frase bíblica  atribuída ao apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”.
Não é a primeira vez que Iris lança uma carta para se despedir da disputa.
Em 2014 ele fez a mesma coisa.  E foi candidato.  Em sua carta, o peemedebista diz que Goiânia “não convive com favelas”. O ex-governador relata uma cidade “sem poeira” e sem “lama”. Enfim, uma cidade que não existe.
A favela Vietnã não sai do noticiário policial, para se ter ideia.
A ONU considera Goiânia uma das cidades mais desiguais do planeta na décima colocação; ONGs internacionais retratam a cidade como uma das mais violentas do mundo, dentre as 25 com maior número de homicídios.
Pelo conteúdo do texto,  em que revela uma cidade bem melhor quando ele foi seu gestor, é possível perceber que a toalha não está jogada  no chão.
Experiente político, Iris teria descontentamentos variados. Nos bastidores ainda comenta-se que ele pode ser citado em relatos da operação Lava Jato.
Uma outra teoria é a de que ele se afasta agora da disputa para se lançar candidato ao governo em 2018, quando aparentemente não teria adversários, já que Marconi Perillo está impedido de concorrer à reeleição. Como prefeito eleito, seria delicado se afastar novamente da Prefeitura e deixar um vice em seu lugar para tentar o Governo de Goiás.
A política é teatro. Agora, com a atitude do cacique peemedebista, as luzes são jogadas no tablado.

Carta a Goiânia
Nenhum político deve mais a Goiânia do que eu. Se ocupei os cargos que ocupei, tudo começou em Goiânia. Aqui cheguei com 15 anos, em 1949, vindo do interior, mais especificamente da zona rural, com a finalidade de estudar. Nove anos depois, em 1958, Goiânia me elegia vereador, o mais votado da capital até aquele momento. Em 1962, fui eleito deputado estadual, até então, o mais votado de Goiás. Somente os votos de Goiânia seriam suficientes para minha eleição.
Mais três anos se passaram e, aos 31 anos, era eleito o prefeito, em 1965. Portanto, Goiânia me fez conhecido em todo o Estado. Procurei, seja como prefeito ou governador, retribuir o que recebi desta cidade.
Basta lembrar que Goiânia não convive com favelas. Ainda jovem, aos 31 anos, eleito prefeito pela primeira vez, priorizei a casa própria como um bem fundamental. A capital é a única cidade de seu porte que não convive com poeira e lama. Goiânia é também a primeira cidade do País em áreas verdes e a única que não convive com a falta de água tratada. Quando governador, em 1983, construímos o Sistema de captação do Rio Meia Ponte, que até hoje abastece toda a capital. Construímos o Centro de Convenções, o mais moderno do País à época; a rodoviária, o Palácio da Justiça, os viadutos, praças, entre tantas outras obras importantes para Goiânia. Em cada canto, dessa cidade há uma marca do meu trabalho e dedicação.
Em mais de 50 anos como homem público, posso dizer, com orgulho, que Goiânia jamais se envergonhou de mim.  Conhecido o resultado da última eleição para governador , em 2014, tomei uma decisão, de foro íntimo: encerrar ali minha carreira política com a consciência do dever cumprido.
Nos últimos meses, porém, com o surgimento do meu nome com destaque em pesquisas eleitorais, percebi o interesse de uma parcela importante da população de Goiânia para que eu pudesse rever minha posição e considerar uma nova candidatura a prefeito de Goiânia nas eleições de outubro próximo.
Refleti muito nos últimos meses e concluí, enfim, que realmente devo finalizar a minha caminhada política.
Encerro, portanto, minha trajetória como homem público com a consciência tranquila e o coração em paz. Procurei retribuir como político e ser humano a tudo que essa cidade e esse Estado me proporcionaram.
Mantenho comigo o mesmo sentimento expresso pelo apóstolo Paulo, no capítulo 4, da segunda carta a Timóteo, em que ele disse: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”.

Iris Rezende Machado

–  POR WELLITON CARLOS (DM Digital, sob adaptações).