Com acusações mútuas na TV Anhanguera, Marconi e Iris protagonizam embate duro a 2 dias da eleição

Eu tenho certeza de que quando o candidato do PMDB fala de caos na saúde ele está se referindo exatamente a gestão da Prefeitura comandada por aliado dele. Ele fez agora da campanha um festival de promessas inviáveis e eleitoreiras. O que prometi estou cumprindo rigorosamente.”
Você fala, fala, fala e não diz a verdade. Onde estão os hospitais regionais? Tudo que prometi para Goiânia eu cumpri. Vamos falar de Goiás e não de Goiânia. Em todas as cidades de Goiás deixei um rastro forte de obras.”
Com intensa troca de ataques, os candidatos ao governo de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB), fizeram ontem o último debate das eleições deste ano, na TV Anhanguera. Um duro embate ocorreu mesmo no bloco reservado a perguntas com temas determinados, todos relacionados à administração estadual.
O clima esquentou especialmente na troca de acusações sobre denúncias que marcaram os governos de ambos. Iris disse que “o governo se uniu a uma quadrilha no maior escândalo que já se viu”. Marconi rebateu apontando os casos de desvios na Caixego e no BEG e disse ainda que quem trouxe a Delta (empresa ligada ao escândalo Cachoeira) para Goiás foi o peemedebista.
O tucano fez questão de ressaltar o silêncio da deputada federal Iris Araújo (PMDB) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do caso Cachoeira durante o depoimento dele, em junho de 2012. E citou ainda o fato do deputado federal Armando Vergílio (SDD), seu ex-aliado e candidato a vice na chapa de Iris, votar a favor do arquivamento do inquérito.
“Você não foi absolvido pelo Congresso, não. Pelo contrário, vocês negociaram (o arquivamento). E você ainda é investigado no Superior Tribunal de Justiça, inclusive por homicídio”, acusou Iris.
Além de Beg e Caixego, “com milhões desviados do cofres públicos”, Marconi citou também problemas no Ministério da Agricultura no período em que o peemedebista comandou a pasta.
Apesar de rebater os ataques no mesmo tom, o candidato tucano repetiu que buscou fazer uma campanha propositiva e de alto nível, mas que o adversário insistiu na baixaria. A primeira pergunta do governador, com tema livre, foi sobre pesquisa e desenvolvimento. “Eu comecei aqui tentando debater propostas, ideias”, afirmou.
Na primeira pergunta a Marconi, Iris falou da alta quantidade de aditivos em contratos do atual governo. E citou o fato de o governador ter comprado área em Pirenópolis em sociedade com um empreiteiro. “Isso é grave. Isso não é ético nem moral”, afirmou. O tucano respondeu que todos os seus bens são declarados e que tem uma “vida limpa”.
Quando voltou a sua vez de perguntar, Marconi novamente provocou Iris sobre os hospitais que ele diz ter construído no interior. O peemedebista sorriu, sacou uma folha de papel e começou a enumerar as unidades. Irônico, disse que Marconi poderia anotar. O tucano logo sacou a caneta e fez uma breve anotação nos papéis. Na réplica, Marconi disse que alguns dos hospitais citados foram construídos por ele e pelo ex-governador Henrique Santillo.
Na estratégia de tentar reduzir a diferença em relação ao tucano na disputa, Iris partiu mais para o ataque, mas Marconi, além de contra-atacar, também usou novamente os problemas da Prefeitura de Goiânia para criticar o peemedebista.
Iris repetiu por várias vezes que o governo fala muito e faz muita propaganda, mas tem poucas ações. Nas considerações finais, citou os gastos de mais de R$ 500 milhões com publicidade e o problema da segurança – considerado um dos temas mais fortes da campanha.
Marconi, ao se despedir, disse que o peemedebista faz promessas que não podem ser cumpridas e que a grande publicidade é feita pelo trabalho e pelas realizações do governo.
Em uma campanha marcada por poucos debates entre os candidatos, Iris e Marconi se confrontaram diretamente apenas quatro vezes, sendo dois debates promovidos pelo POPULAR e dois pela TV Anhanguera, a temperatura foi bem alta em todos, com o foco na comparação entre as gestões do PMDB e PSDB e intensa troca de críticas e acusações.

Tensão em cima do palco e na plateia
Era nítida a tensão no ar entre os candidatos e auxiliares antes e durante o último debate desta eleição para o governo do Estado. Para o confronto, cada um usou suas estratégias para provocar o adversário e evitar cair nas provocações.
Quando Iris fazia críticas, Marconi evitava olhar diretamente para o peemedebista. Ficava mexendo nos papéis que levou para a bancada e fazendo anotações. Buscava mostrar tranquilidade. Iris, ao contrário, ficava quase o tempo todo encarando o tucano. Nas suas falas, fazia questão de mostrar indignação.
Quando o tema Cachoeira entrou em discussão, o clima esquentou ainda mais. O mediador teve de intervir várias vezes para avisar a Iris que o tempo havia estourado. Marconi também estourou o tempo algumas vezes. Nos intervalos, o tucano era assessorado pelos marqueteiros Carlos Maranhão e Paulo de Tarso. Iris recebia orientações do assessor de imprensa da campanha, Filemon Pereira, e da filha Ana Paula.
Ao final do debate, o alívio tomou conta dos presentes no auditório. A primeira-dama Valéria Perillo soltou um “até que enfim” ao se levantar da cadeira. Em cima do palco, Marconi tomou a iniciativa de cumprimentar Iris. Voltou a dizer o que havia expressado no último debate da eleição de 2010, também transmitido pela TV Anhanguera e tão tenso como o de ontem: “Espero que desta vez seja realmente nosso último confronto”. Iris deu apenas um discreto sorriso.

– Do Jornal O Popular (Sob adaptações / Sem alterações).